15/11/2014

O tempo por haver


Li, a caligrafia incerta, num apontamento de um caderno de notas que será um livro, agora em esboço ainda de preparação para ser editado. Imagino que quem escreveu tivesse chegado àquele momento da vida anterior ao que me encontro hoje. E digo imagino porque suponho que a brisa de angústia que perpassa por quem, como eu, chegou aos 65 anos tem de ser mais violenta do que a que fica na frase que recolhi na memória; ao mesmo tempo tudo farei para que seja mais mobilizadora, me restitua ânimo e faça descobrir modo para a viagem que resta: «chega-se a uma idade em que cada dia a mais é um dia a menos», eis a frase.
Há um tempo em que, eu sei, dos ponteiros do relógio já só restam os segundos, em que tudo é mais rápido, incluindo a vontade de viver, o martelar cardíaco do tempo por haver.